Origem dos Pires de Campos

Segundo Paulo Setúbal(1), a árvore genealógica dos Pires de Campos tem sua raiz em Franscisco van der Borg(2), fidalgo belga nascido em 1586, em Antuérpia.

Francisco foi duas vezes embaixador do seu país na Espanha e depois mudou-se para Portugal, onde casou-se com a lisboeta Antônia de Campos (BARRETO, 2020).

De acordo com Otero Filho (2016), Franscisco van der Borg teria se casado na Espanha com Antonia del Campo e só depois teria se transferido para Portugal.

Francisco e Antonia tiveram um filho, Felipe de Campos van der Borg, nascido em Lisboa em 1618. Felipe estudou na Universidade de Coimbra, mas depois de se meter em confusões, acabou por matar um homem em Portugal.

Recomeço no Brasil

Felipe de Campos Van der Borg mudou-se para o Brasil depois do trágico evento em Portugal. Casou-se na Sé de São Paulo, em 09 de agosto de 1643, com Margarida Bicudo, filha do capitão Manoel Pires e de Maria Bicudo.

Margarida Bicudo era Tupiniquim pelo lado de Bartira (ou Potira), mulher de João Ramalho. Ela e João Ramalho tiveram numerosos filhos, e a prole do casal é considerada o principal tronco das famílias paulistas e dos bandeirantes que desbravaram o interior do Brasil no século seguinte (OTERO FILHO, 2016, p.81).

Felipe e Margarida tiveram uma ninhada de filhos, dentre eles Manoel Campos Bicudo, sertanista, que realizava entradas nos sertões dos rios Paraguai e rio Grande, sempre em busca de ouro ou à caça de indígenas.

O primeiro Pires de Campos

Manoel Campos Bicudo casou-se com Luiza Leme de Barros, filha de Antônio Pedroso de Barros e de Maria Pires Monteiro e tiveram filhos, dentre eles Antonio Pires de Campos, nascido em Itú, Estado de São Paulo.

Por volta de 1673, o sertanista Manoel Campos Bicudo, acompanhado pelo filho desceram o Rio Tietê no rumo do Rio Paraná em direção ao encontro dos rios Cuiabá e Coxipó, sendo os primeiros a passar pela região. Seu filho, Antonio Pires de Campos, é considerado o descobridor do Cuiabá e o mais importante pioneiro da região.

Antonio, provavelmente o primeiro a adotar o sobrenome Pires de Campos, foi também sertanista e um dos primeiros que, em 1682, descobriram os sertões de Minas Gerais.

Filho de outro de igual nome

Antonio Pires de Campos teve um filho batizado como o mesmo nome, também nascido em Itú por volta de 1702.

Assim, o filho do primeiro Antonio Pires de Campos, ficou conhecido como coronel Antonio Pires de Campos, chamado pelos indígenas de Cacique Pai Pirá(3), depois de juntar um exército “de flechas” com mais de 500 índios Bororos e de fundar diversas aldeias.

Um pouco de história

“O coronel Antonio Pires de Campos era filho de outro de igual nome.
Como seu pai, o coronel Antonio Pires de Campos era um audaz e destemido sertanista, descobrindo os rios Cuyabá e o seu afluente Coxipó, a meia légua do qual se acha hoje a cidade de Cuyabá, capital do Estado de Mato-Grosso.

Conquistou a numerosa tribo dos Coxipós em 1718, estabelecendo diferentes aldeias entre as quais a dos Guarciros, célebre pela sua grande população e hoje extinta.

A aldeia de Sant’Anna, em Goyaz, teve-o também como seu fundador, reunindo ali em 1741 um exército com a tribo dos terríveis índios Bororós, assinando em 1742 em Villa Boa de Goyaz, com o Governador Mascarenhas, à mando do rei de Portugal Dom João V, um contrato pelo qual se comprometia a bater e destruir os índios Cayapós que faziam toda a sorte de atrocidades e matavam os mineiros, infestando os caminhos.

Conduziu com seus irmãos Pedro Vaz de Campos e Filippe de Campos uma bandeira cujo comando tomaram, levando para Cuyabá algumas peças de artilharia e tendo prestado perante o Governador, Dom Rodrigo Cézar de Menezes o compromisso de afugentar e bater durante a viagem a feroz tribo dos Payaguás, o que executaram.

O coronel Antonio Pires de Campos foi casado com Dona Sebastiana da Silva, filha de Salvador Jorge Velho e de Dona Margarida da Silva, como ele, natural de Itú.
Faleceu, segundo a tradição, de uma flechada que recebeu de um encontro de índios(4)“.

Trecho de “A História de São Paulo ensinada pela biographia dos seus vultos mais notáveis, de Tancredo do Amaral, 1895

Desbravadores

Nota-se que os Pires de Campos foram desbravadores acostumados às ações voltadas à aventura do desvendar, do descobrir, de investigar, portanto, dessa maneira o rio Tietê se tornou a rota primordial e principal de suas sagas.

Pioneiros nas monções, os Pires de Campos abriram, pela água, caminho de Porto Feliz para atual Mato Grosso. A navegação Tietê/ Paraná rumo noroeste, se consolidou graças a eles.

As cidades ribeirinhas e circundantes dessa encantadora e rica via se tornaram local de habitação da família a exemplo de Itú, Porto Feliz, Capivari, Monte Mor, Tietê, Laranjal Paulista, Tatuí, Botucatu e Jaú entre outras longínquas paragens da nossa terra.

Divisão do Brasil em 1709

Em 1709 São Paulo se estendia da atual Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina até a metade do Rio Grande do Sul.

Durante 200 anos de colonização ao leste da linha de Tordesilhas, os paulistas tinham o monopólio do sertão. A corte portuguesa não visitava essas matas de onça e índios canibais que assavam carne humana entre outras.

Os Caipiras do médio Tietê, além de descobrirem as Minas Gerais, mudaram de direção e descobriram as minas de Cuiabá e Goiás. Nada segurava esses Brasileiros que agora invadiam e moravam, de vez, no território da Espanha (depois de Goiás teoricamente passava o Tratado de Tordesilhas, divisa entre o mundo Espanhol e Português).

Um pouco mais de história

(1) Paulo de Oliveira Leite Setúbal, escritor, historiador, advogado e jornalista, nascido em Tatuí em 01/01/1893.
(2) também chamado equivocadamente de Felipe van der Borg. O sobrenome também aparece grafado como Bandenborg em diversos documentos.
(3) não se sabe ao certo se o apelido Pai Pirá era apenas do filho ou do pai, ou dos dois (TAUNAY, 1975, p. 253).
(4) Segundo Mori (2015, apud CASTRO p. 21), a causa da morte teria sido decorrência de malária.

Bibliografia

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