Certo dia, um jovem índio cherokee chegou perto de seu avô para pedir um conselho.
Momentos antes, um de seus amigos havia cometido uma injustiça contra o jovem e, tomado pela raiva, o índio resolveu buscar os sábios conselhos daquele ancião.
O velho índio olhou fundo nos olhos do neto e disse:
“Eu também, meu neto, às vezes, sinto grande ódio daqueles que cometem injustiças sem sentir qualquer arrependimento pelo que fizeram. Mas o ódio corrói quem o sente e nunca fere o inimigo. É como tomar veneno, desejando que o inimigo morra”. O jovem continuou olhando, surpreso, e o avô continuou:
“Várias vezes lutei contra esses sentimentos. É como se existissem dois lobos dentro de mim. Um deles é bom e não faz mal. Ele vive em harmonia com todos ao seu redor e não se ofende. Ele só luta quando é preciso fazê-lo, e de maneira reta. Mas o outro lobo… Este é cheio de raiva. A coisa mais insignificante é capaz de provocar nele um terrível acesso de raiva.
Ele briga com todos, o tempo todo, sem nenhum motivo. Sua raiva e ódio são muito grandes, e por isso ele não mede as consequências de seus atos. É uma raiva inútil, pois sua raiva não irá mudar nada. Às vezes, é difícil conviver com esses dois lobos dentro de mim, pois ambos tentam dominar meu espírito”.
O garoto olhou intensamente nos olhos de seu avô e perguntou:
“E qual deles vence?”
Ao que o avô sorriu e respondeu baixinho:
“Aquele que eu alimento”.
A Fábula dos 2 Lobos é frequentemente atribuída à tradição oral da cultura Cherokee, passada de geração em geração.
Embora a origem seja amplamente compartilhada como tal, muitos estudiosos e historiadores colocam isso em dúvida. A primeira versão escrita conhecida foi publicada em 1978, em um livro chamado In the Company of Others, de Billy Graham, um evangelista cristão.